A superfície e a profundidade (por Kraudião)
A superfície era muito extensiva e ia muito além do
horizonte,
Apresenta um brilho próprio diante de quem admirava tal
aparência,
Encantava pela exuberância e hipnotizava o olhar de qualquer
um,
Mas lá no mais íntimo do seu ser magnânimo ser existia uma
verdade,
Algo que sempre tudo compreendia sem limites para
sustentação, a profundidade.
A superfície invadia sem muito esforço todos os espaços
disponíveis,
Sem nenhuma paciência com sua bonita e vibrante orla queria
expandir,
Ocupar diferentes e novos territórios em busca de
experiências,
Buscava, talvez, encontrar aquilo que nem ela sabia existir.
Justificava sempre sua expansão como exercício da liberdade,
Mas ali abaixo dela sempre estava a força motriz desta
realidade,
O sustentáculo de firmeza e solidez que mantinha suas
ambições, a profundidade.
A superfície a cada novo dia mantinha sua meta de expansão,
Sonhava conhecer novos ambientes geográficos com decisão,
Estava cansada da maresia que a vida lhe configurava
continuamente.
Passa por altos e baixos em seus níveis imaginados de
prioridades,
Demandas superadas e outras postergadas em crescente
atividade.
Beirava todas as margens da agitação e equilíbrio da
sanidade,
Mas nas entranhas restava seu suporte maior em manter sua
paz espiritual, a profundidade.
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A superfície depois que expandiu, conquistou, viajou,
sorriu, cresceu, diminuiu, chorou, xingou, dormiu, acordou, rezou, aplaudiu,
brincou, fugiu, deitou, correu, sumiu, beijou, abraçou, decidiu e experimentou
todas as possíveis realidades... Realizou-se mesmo ao descobrir que sua nova e
mais antiga dimensão era a profundidade.
Salvador-BA, 02 de Setembro de 2013.
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