Simplesmente, Pai

Simplesmente, Pai (por: Kraudião)

Carismático intelectual de cabeleira esvoaçante,

 Figura humilde e alegre de se conviver.

Defensor da liberdade e dos direitos sociais.

Um bon vivant além do seu tempo,

Um festeiro coletivo sempre cercado de amigos.

Mas quem foi este ilustre desconhecido?

Durante anos da minha vida não sabia dizer.

Uma figura presente e de referência maior,

Não entendia muito bem qual sua importância.

Mesmo porque lhe faltava a postura de pai tradicional.

Aquele que normalmente cobra e impõe limites aos filhos.

Nunca conheci tais referências estereotipadas.

Cresci sem limites e com toda liberdade.

 Talvez um acompanhamento discreto,

Daquele que nunca se impôs no papel bem definido de genitor.

Quem sabe por acreditar que mais do que filhos,

Éramos seres humanos em formação e

Em busca de experiências próprias!!

Suas idéias sempre admiradas por todos,

Amigos atentos ávidos em compartilhar suas teorias.

Eu ali, no meio dos adultos, em incontáveis rodas de conversas,

Aprendendo muito mais a ouvir do que falar.

Fui crescendo e descobrindo este homem,

O pai que escolhi para poder reencarnar.

A figura que tempos depois seria o meu amigo,

A minha maior fonte de inspiração de como viver.

Alguém que demorei para compreender suas idéias,

Muito além do que minha intelectualidade infanto-juvenil podia absorver.

Meu pai, meu amigo e que nunca demonstrou nenhuma vocação para herói.

Idolatria que nunca promoveu, mas que todos acordavam em ter.

Hoje estaria completando anos de vida material,

Hoje anos de ausência na convivência física nesta dimensão.

A memória que resgato, ainda viva n’alma, só agora transcrevo.

Para você querido amigo, mentor de tudo que ainda quero ser nesta vida.

Muito mais que amigo, ídolo, educador, político, seresteiro, marido, amante e tanto outros títulos...

És, simplesmente, meu Pai!!

Salvador-Bahia 05 de novembro de 2010.

** Homenagem aos 73 anos que estaria fazendo, hoje, meu Pai:

 Juscelino Barreto do Santos